quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Carta aberta à governadora do RS

Se tu concordas com estas idéias, por favor, repassa, divulga à sociedade!


Senhora Governadora,

Sou artista plástica e professora de História e Teoria da Arte, atuante na cidade de Porto Alegre.

Por ocasião da exposição que inaugurei na Galeria de Arte da FUNDARTE, em outubro último, e ao participar de conferência no Seminário Nacional em Arte Educação , promovido por aquela instituição na mesma época, tomei consciência da iminente desativação do curso de graduação em artes da FUNDARTE/UERGS, sediada em Montenegro.

O que vi e ouvi a esse respeito da parte de professores, pesquisadores, estudantes e participantes do seminário, oriundos de todo o Brasil, senhora governadora, deixou-me constrangida de pertencer ao estado sob sua gestão.

Atuando em Porto Alegre , oriento estudantes, artistas e professores de diversas regiões do Rio Grande do Sul e pude testemunhar a iniciação profissional de jovens graduados pela FUNDARTE que ingressam na comunidade de artistas e professores com o entusiasmo de quem sai de uma escola qualificada e da qual se orgulha.

Pergunto-lhe: já esteve na FUNDARTE? Dialogou com seus alunos e professores? Tem idéia do trabalho que realizam e da contribuição que, em seus poucos anos, a graduação da FUNDARTE proveu, em âmbito estadual? Tem ciência do nível de qualificação dos professores, que, por falta de perspectiva naquela instituição, têm-se colocado entre os primeiros classificados em concursos para instituições federais de ensino de nível superior? Está consciente da demanda pendente entre os jovens estudantes desde que a senhora deixou de autorizar novos concursos vestibulares?

Por omissão ou protelação – ambas inaceitáveis como justificativa do fechamento de uma instituição pública de ensino –, o concurso que regulamentaria o quadro de professores da FUNDARTE junto à UERGS permanece sem data para efetivar-se. Da mesma forma, os concursos vestibulares para ingresso de novos alunos permanecem sem previsão de realização. Não havendo quadro de professores e tampouco alunos para dar início a mais um ano letivo, parecerá justificada a desativação do curso. Será essa a conclusão a que a senhora espera que chegue a classe educadora e cultural de nosso estado? Seremos assim tão ingênuos a seus olhos?

Pessoalmente, senhora governadora, ainda me encontro sob o impacto da notícia a respeito de escolas do ensino fundamental fechadas em municípios do interior do estado sob o pretexto de falta de alunos, argumentado pela Secretaria Estadual de Educação. Para agravar essa impressão de abandono e indiferença por parte do Governo do Estado, os jornais de grande circulação divulgam a inexplicável demora na nomeação de um novo diretor da FAPERGS, o que deixou nossa principal instituição de fomento à pesquisa praticamente inativa ao longo de 2008.

Será essa a marca que seu governo deixará na educação e na pesquisa?

A desconstrução? O descaso? A imobilidade?

Desculpe-me a sinceridade, senhora governadora, mas ouso afirmar que, sem ações que evidenciem o contrário, tenderei a concluir que seu governo objetiva a imobilidade administrativa que flagela nossas instituições educacionais.

Esta carta é, também, uma manifestação de solidariedade para com aqueles estudantes que tristemente vêem anulada a instituição que os formou e aqueles que já não poderão candidatar-se a ela em um próximo concurso vestibular. Minha solidariedade dirige-se aos colegas artistas e professores da FUNDARTE que transferiram suas vidas das cidades de origem para se tornarem cidadãos de Montenegro, cidade que os abraçou nesse projeto que seu governo está em vias de extinguir por absoluta falta de ação. Minha solidariedade é para com a educação e a formação artística qualificadas que perdem terreno em nosso estado, sob sua gestão.

Senhora governadora, seja na qualidade de artista, palestrante, ensaísta ou professora, atuando junto a artistas, estudantes, professores e pesquisadores em artes, serei mais uma a assumir o compromisso de sensibilizar nossa comunidade em relação à triste realidade que presenciei em Montenegro.

Maria Helena Bernardes