quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Biodanza para Iniciantes

Olá pessoal! Segue a divulgação da Oficina que André Simoni preparou especialmente para o espaço.


Biodanza é um sistema de integração afetivo-motora que desperta os potenciais adormecidos e nos permite reaprender as funções originais da vida. Utiliza música orgânica, movimentos expressivos individuais e em grupo.
Sua prática reduz o stress, fortalece o sistema imunológico, aumenta a auto estima, a vitalidade e a capacidade de agir. Favorece o relacionamento interpessoal, resgata o prazer de estar vivo e de ser afetivo.


Iniciação à Biodanza
com André Simoni
8 a 29 de janeiro - sábados
9h30 às 12h - 4 encontros
Investimento: 120 reais

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Oficina ‘Clown Vivencial’, com Melissa Dornelles





MEME Santo de Casa Estação Cultural convida para a Oficina ‘Clown Vivencial’, que será ministrada nos dias 6 e 7 de novembro de 2010. Melissa Dornelles vem pesquisando a arte do palhaço no palco, em instituições hospitalares, e em asilos há mais de dez anos.

A Oficina ‘Clown Vivencial’ busca a sensibilização, a tomada de consciência dos ‘automatismos’ e o resgate da ‘essência’ e da criança interior. A crença de que o clown não é uma personagem, mas sim uma lente de aumento da alma e da corporalidade de cada pessoa, direciona esse workshop para uma oportunidade de auto-conhecimento e auto-aceitação profundos.

Vivências e jogos proporcionam um resgate da ludicidade para que os corpos relembrem a liberdade expressiva que é inerente a todos os seres humanos. O clown é abordado como uma ‘respeitável criança criadora’, um provocador de emoções, de sentimentos, de sensações e especialmente de riso.Sob essa ótica, o clown, guiado pela lógica do jogo, pode brincar com as relações humanas, onde todos podem se reconhecer através de suas tentativas atrapalhadas e ingênuas, e ao mesmo tempo, gozar de um sentimento de integridade, frente a esta pequena máscara que é o nariz vermelho. Fazendo rir com sua visão de mundo e suas tentativas de transpassar os seus fracassos.

Através de exercícios e vivências (re)criadas por Melissa Dornelles, os alunos terão a oportunidade de buscar fazer graça. Mais especificamente, de ser a graça. Enfocando o prazer do jogo, sem aprofundamento técnico. A possibilidade da descoberta do clown de uma forma profundamente humana, promovendo o jogo cênico/cômico através do ser artístico e poético.

A oficina é direcionada para pessoas sem experiência profissional na área teatral.


Valores:

inscrições antecipadas até o dia 29 de outubro
160 reais (à vista) ou
3 parcelas de 60 reais

Após 29 de outubro
180 reais (à vista) ou
3 parcelas de 70 reais





Melissa Dornelles é atriz, clown e produtora. Diretora e professora da Cia Circular, ministrante de workshops de iniciação e de manutenção de clown, para atores e estudantes de teatro. Ministrante do curso CLOWN VIVENCIAL, com enfoque no desenvolvimento humano, direcionado para pessoas sem experiência profissional no teatro. Estes cursos fazem parte do Núcleo de Arte Educação da Cia Circular.

Bacharel em Artes Cênicas pela UFRGS. Participou de oficinas e workshops ministrados por Philippe Gaulier, Maria Helena Lopes, Maria Lúcia Raymundo, Irion Nolasco, Grupo Potlach, GrupoLUME, UTA, Carlos Simoni, Ricardo Puccetti, Ana Elvira Wuo, Roberto Birindelli, Julio Conte, Biño Sauitzwy, Daniela Carmona, Gina Tocchetto, Inês Marocco, Marcia Strazzacappa, Sérgio Mercúrio, Leela Alaniz, Thaís Petzhold, Jussara Miranda, Adriano Basegio entre outros.

Iniciou suas atividades artísticas em 1995, num espetáculo de rua chamado ‘A Vida é uma Droga’, de Júlio Conte. No mesmo ano atuou em ‘Núpcias Pois’, sob direção de Daniela Carmona, pelo Projeto Novas Caras. Em 2005 foi aluna da École Philippe Gaulier, na França. Integrou o NIT-Núcleo de Investigação Teatral, coordenado por Roberto Birindelli, participou do Grupo de Pesquisa de Pós-Graduação do Hospital de Clínicas de POA por cinco anos como idealizadora e clown do projeto ‘Azulão, O Desenvolvimento da Técnica Clownesca no Setor de Oncologia Pediátrica do HCPA’. Durante os anos de 2004 e 2005 trabalhou em Londres e em Paris como performer do grupo de dança/teatro About Seven. Também na Inglaterra, no ano de 2004, ministrou um workshop de expressão corporal, por meio ano, voltado para moradores de rua no FairBridge Institution.

Atualmente está dirigindo o primeiro espetáculo de rua de circo financiado pela prefeitura de Porto Alegre através do FUMPROARTE; Circonservando, que se utiliza de técnicas circenses - como contorcionismo, acrobacia e malabares, bem como da linguagem clownesca.



Sobre o MEME Santo de Casa Estação Cultural

Recentemente inaugurado na Cidade Baixa, o MEME Santo de Casa Estação Cultural é a consolidação de um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo MEME - Centro Experimental do Movimento, há mais de cinco anos. A partir da necessidade de ampliar espaços culturais alternativos para o desenvolvimento da arte em Porto Alegre, e tomando como referência locais similares no eixo Rio/São Paulo e também no exterior, um grupo de artistas gaúchos já consagrados em suas determinadas áreas uniu esforços para que MEME Santo de Casa Estação Cultural se tornasse uma realidade.

Em 2005, o MEME recebeu Prêmio Condança de melhor projeto de pesquisa para Anjos 40. Em 2007 recebeu o Prêmio Açorianos de Artes Visuais - destaque em Mídias Tecnológicas com a Video Performance Porões A-Paralelos (Eny Schuch, Fernanda Stein, Niura Borges e Paulo Guimarães).

O MEME é coordenado pelo bailarino e coreógrafo Paulo Guimarães. Sua trajetória, envolvendo ensino e criação artística, iniciou no curso de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (1986) ao trabalhar com crianças da periferia na pesquisa “Resgate de Brincadeiras”, que foi objeto de sua monografia de graduação. Como bailarino, possui formação em ballet clássico, jazz, contemporâneo, moderno, dança afro e dança-teatro, tendo como principais mestres Berenice Fuhro Souto, Susana D’Ávila, Tony Abbott, Henrique Rodovalho, Ivonice Sati, Denise Namura e Ancelmo Zolla. Integrou as companhias gaúchas Transforma, Muovere e Anette Lubisco, além de participação como bailarino convidado no espetáculo Caixa de Ilusões, de Eva Schul com a Ânima Cia de Dança. Integrou ainda o elenco da Raça Cia de Dança, de São Paulo e da Quasar Cia. de Dança, de Goiânia – considerada uma das melhores companhias do país. Participou de vários festivais nacionais e internacionais de dança, como o Festival de Dança de Joinville e Biennale de la Danse de Lyon, na França. Entre 2002 e 2003, lecionou na Universidade Federal de Goiás, nos cursos de Teatro e Musicoterapia.

O MEME nasceu de uma oficina ministrada por Paulo Guimarães, no projeto Movimentos Incessantes – Porto Alegre Cidade Que Dança, realizado em 2004 pela Secretaria Municipal da Cultura/Prefeitura de Porto Alegre. Desde então, tem desenvolvido intensas atividades, incluindo a abertura do MEME Centro Experimental do Movimento, que se firmou como um espaço onde a dança convida outras linguagens artísticas promovendo o intercâmbio, a experimentação e o diálogo de processos híbridos de criação artística.

Durante a semana a Estação Cultural oferece aulas de dança contemporânea, arte circense, danças circulares, pilates, alongamento, condicionamento físico, hatha yoga e tango. Os sábados são exclusivamente das crianças: ioga, dança criativa, teatro de animação e arte circense são atividades que compõem a proposta especialmente desenvolvida para os pequenos. Paralelamente, o grupo desenvolve laboratórios de criação em dança e abre o espaço para que grupos independentes possam dialogar e desenvolver suas pesquisas e experimentações, seja em dança, teatro, circo, música ou artes visuais.

Em seu repertório, o MEME tem os espetáculos: Bu! Um olhar adulto sobre a criança que há em nós (2005) - montagem que recebeu 04 Prêmios Açorianos Dança, incluindo melhor espetáculo, produção, trilha sonora e iluminação;

Despidas por seus celibatários (2006) - recebeu 02 indicações Prêmio Açorianos Dança (produção e cenografia) e 08 indicações Prêmio Quero-Quero SATEDRS (espetáculo, coreografia, bailarina, trilha sonora, iluminação, cenografia e produção)

Teresinhas (2008) – foi sucesso de publico e critica, e a canção Linha, de Tiago Rinaldi, que integra a trilha sonora do espetáculo foi aclamada no 11º Festival de Música de Porto Alegre, conquistando o primeiro lugar além do destaque de melhor letra.


SERVIÇO

Oficina Clown Vivencial

Dias 06 e 07 de novembro.
Sab das 17 às 21h. Dom das 15h às 19h.
Cada encontro com 4 horas, totalizando 8 horas de oficina.
Lopo Gonçalves, nº 176 – Cidade Baixa – Porto Alegre
Telefones para contato:
51 30192595
Tiago Rinaldi – 51 93159242
producao@centromeme.com.br
Melissa Dornelles
Contato: (51) 8128 0779 - melissadornelles@gmail.com

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Esquina Democrática? Aonde!?




Publicamos comentário do ator Marcelo Aquino a respeito do episódio ocorrido este mês na Esquina "Democrática", centro de Porto Alegre. Dia 16 de Outubro de 2010, sábado a Brigada Militar tenta parar apresentação da peça Árvore em Fogo da Cambada de Teatro em Ação Direta Levanta FaveLA...detêm os atores ao final da apresentação, inclusive uma criança de 11 anos que participa de encenação, desrespeitando o Art.5º da Constituilção, que diz: "É LIVRE A EXPRESSÃO DA ATIVIDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA E DE COMUNICAÇÃO INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO"


É da maior importância levarmos este flagrante adiante para discutirmos a atual política cultural em Porto Alegre e no RS. Segue o comentário:


Quem mora no Rio de janeiro, sobretudo na linha de fogo entre o morro e o asfalto, não consegue mais fazer distinção entre bandido e policial. Não precisa assistir Tropa de Elite 2 para entender como as coisas funcionam por aqui. Como gaúch...o, morador de Copacabana a 4 anos, e depois de já ter virado estatística sendo assaltado, participado de tiroteio na Nossa Senhora de Copacabana e acompanhado da janela toda sorte de absurdos envolvendo a polícia carioca, sempre tive muito orgulho de falar da boa e valorosa Brigada Militar de Porto Alegre, para mim sempre exemplo como instituição que faz parte da história dos gaúchos....mas o que é que está acontecendo com a Brigada Militar de Porto Alegre afinal? Tenho lido sobre índices alarmantes de crescimento da criminalidade na cidade de Porto Alegre, e será que a brigada não tem uma tarefa importante a cumprir no combate aos bandidos? será mesmo que este é o papel da Brigada militar gaúcha? Prender artistas que estão na rua livremente se manifestando? Prender crianças? Que doideira é esta afinal? Que perigo pode representar um grupo de teatro afinal? Ou será que a policia já esta preparada para entender toda a subjetividade crítica e poder de informação de massa que o teatro pode ter...Bom ai sim!!! então este grupo poderia mesmo estar representando um perigo, propondo a reflexão, expondo as feridas da cidade e das instituições falidas e corruptas de poder instituídos...ai sim eles representam um perigo e precisam mesmo ser presos, aliás deveriam ser banidos da cidade pois este é o pior dos perigos que alguém pode representar, o perigo de fazer refletir, o perigo de desenvolver o senso crítico, o perigo de abrir na esquina democrática um grande espelho que possa refletir a imagem de uma cidade feia e doente....Cadeia para os artista de rua, algema neles e viva a esquina "democrática" viva a eterna hipocrisia dos pampas!!!!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Trocas

Por: Paulo Guimarães
Coordenador do MEME Grupo de Pesquisa do Movimento


Nos últimos tempos a palavra TROCAS vem rondando a nossa volta, insistindo para que lhe demos atenção e um espaço entre nós. Ela chegou de mansinho e foi conquistando seu lugar e respeito através de atitudes concretas que nos fizeram acreditar que ela exerce um papel fundamental na sociedade contemporânea, que sem ela fica muito difícil superar as dificuldades impostas por tal sociedade. E que o caminho, por mais piegas que pareça, é o da solidariedade e parcerias.

Ela nos ajudou a enxergar, não “uma luz no final do túnel”, mas vários túneis e várias luzes.






Nossa atitude foi, em primeiro lugar, “aprender a aprender” com as pessoas que já estavam ao nosso lado e demonstravam um profundo senso de colaboração e fidelidade e, em segundo, buscar parcerias que comungassem deste pensamento e que através do sistema de TROCAS pudessem colaborar em nosso desenvolvimento profissional e cívico, ajudando assim a construir uma sociedade mais humana através do exercício da arte.

Foi desta forma que partimos para encontrar parcerias que aceitassem integrar uma missão tão difícil e importante. E lá se foram sete anos...




Em fevereiro de 2010 recebo um telefonema de Campinas, da colega e amiga Márcia Strazzacappa, me fazendo um convite para dirigir e coreografar um espetáculo de dança-teatro para o encerramento do II Seminário Internacional de Educação e Estética da UNICAMP: “Entre lugares do Corpo”. Ela tinha assistido um DVD do nosso último espetáculo, TERESINHAS, e ficou muito tocada com a temática do trabalho que resolveu, além de voltar à cena, convidar três mulheres bem sucedidas; Valéria Franco, Carla Morandi e Rosane Baptistella (doutoras, mestres e mães) formadas nas primeiras turmas de Dança da UNICAMP, que este ano está completando 25 anos, para dividirem a cena. De imediato aceitei o convite, pois além de oportunizar as TROCAS com outros estados e entidades, era uma honra e um desafio dirigir mulheres que são referência para nós da área da dança.

Entre tantas idas e vindas de Campinas a Porto Alegre - no total foram sete - se passaram meses deliciosos e desgastantes, de aprendizados e conquistas que geraram frutos, entre eles nossa participação, Tiago Rinaldi e a minha, nas “Rodas de Improviso”, projeto agraciado pela FUNARTE do TUGUDUM - Campinas, um espaço alternativo de música, teatro e dança, coordenado por Valéria Franco e Dalga Larrondo, que neste ano completou 10 anos.  Logo após, resolvemos trazer estes profissionais para Porto Alegre e organizamos o III Encontro MEME de Arte Experimental: “Arte e Sustentabilidade”, de 5 á 8 de agosto de 2010. Foi um ENCONTRO de trocas entre profissionais de Porto Alegre, Pelotas e Campinas, com a participação do interior e sua contribuição nas políticas de descentralização da cultura, visto que quase tudo aqui no estado gira em torno de Porto Alegre. Foram dias inesquecíveis de TROCAS entre profissionais da arte de vários estados brasileiros e países como França e Argentina. Tivemos a oportunidade de conquistar parceiros como SESC/RS, Prefeituras de Pelotas e Porto Alegre, UNICAMP-Campinas e TUGUDUM - Campinas.

Mas o destino tinha reservado, para a conclusão deste ciclo, momentos especiais que servirão de combustível para nossa caminhada durante esta missão. Foram encontros de TROCAS únicos com pessoas que fazem a diferença, que dedicam suas vidas para a construção desta tal sociedade mais humana através da arte, há muitos anos com um trabalho sólido e consolidado. Pessoas como Luis Porter (Canadá-México) que mostrou com palavras doces e profundas como está construindo a nova escola, idealizado por Paulo Freire; pessoas como Graham Price (Nova Zelândia) que com sua simplicidade encantou nossos corações com suas canções de agradecimentos encharcadas de ensinamentos; pessoas como Ana Angélica Albano (coordenadora do Laborarte-UNICAMP) que com sua sensibilidade soube reunir seres de luz num mesmo lugar e num mesmo tempo proporcionando um seminário onde a ciência e a psicanálise reconheceram que a arte tem um poder único de transformação ao recriar o homem através da restauração da alma que sofre, dito por ninguém menos que Roberto Gambini (IAAP-International Association for Analytical Psychology),  este responsável por um dos instantes mais significativos ao apresentar sua conferência: "Chopin, Carlos Drummond de Andrade e a dor da alma”. Foram dele estas palavras:


                      “O sofrimento quando expresso pela arte adquire um status de beleza e a beleza cura...” 


Quando somos indagados por nós mesmos: - Será que vale a pena?
 


 Lembro de certa vez ouvir de uma pessoa, que a única coisa que levaremos desta vida é o quanto amamos que o resto são caprichos e vaidades humanas que vem do nosso lado negro, a razão e o ego. E, em resposta a essa indagação deixo as palavras de Ana Angélica que para ilustrar sua conferência usou a cena do filme Silêncio (Irã):

"Um menino cego, de mais ou menos 8 anos, foi ao mercado público com sua irmã (10 anos) comprar tâmaras. Ele ia com a mão no ombro dela para não se perder e ela, extremamente cuidadosa com ele, o guiava. Só que ela começou a comer uma cereja e perdeu-se neste universo sensorial e lúdico não percebendo que seu irmão também havia mergulhado no mesmo universo ao seguir um rapaz que passava com um micro system onde tocava músicas que o encantaram. Quando ela terminou de digerir a cereja percebeu que seu irmão havia sumido. Desesperada, saiu em busca do irmão aos gritos; perguntava para as pessoas, gritava, corria... até que chegou ao limite do desespero. Sem saber o que fazer e prestes a desistir ela ainda encontrou forças para lembrar que seu irmão amava música e sabia quais músicas ele gostava. Então numa última e desesperada tentativa fechou os olhos e mergulhou no universo de seu irmão seguindo os sons, foi o bastante para encontrá-lo agarrado a grade de um bar onde tocava suas canções favoritas".

Quando ouvi isto, estava em um dos momentos de dúvida e de dor da alma que a vida nos apresenta e resolvi mergulhar neste escuro. Graças a esta loucura cheguei até aqui. Mas a jornada é longa e a “missão” não acabou e por este motivo seguimos ao encontro de pessoas e entidades dispostas a TROCAR conosco.

Imagens: Necitra, clicados por Fábio Zambom.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

(!)

"Se uma idéia não soar absurda desde o início, provavelmente não é boa."

Albert Einsten


Idéia (do grego idéa, pelo lat. Idea) S.(. 7 .Representação mental de alguma coisa concreta ou abstrata; imagem


2. Elaboração intelectual; concepção.
3. P. ext. Projeto, plano.
4. Invenção, Criação.
Dicionário Aurélio


Concepção intelectual; imaginação, lembrança. Tende a ação.
Dicionário Etimológico





Idéia é uma dessas coisas que, a meu ver, é como oxigênio: está no ar, é invisível e, apesar de abundante, sempre corre o risco de passar batido.
Tal qual RESPIRAR: um ato fundamental para nossa sobrevivência, que por ser involuntário, também passa batido não nos damos conta de sua complexidade e de todo o impacto que ele causa em nosso corpo.
Fazemos idéia?
Pare por um momento, respire e procure se lembrar:
Qual foi sua última grande idéia? Como foi que você chegou a ela? Conseguiu materializá-la?
Qual foi o impacto que essa idéia materializada gerou?
Se inspirar e expirar são atos involuntários, inspirar-SE é...???
Na falta de uma resposta objetiva, apelo para Nossa Senhora das Reminiscências, para que nos abençoe uma história.
Lembro-me de ter trabalhado com um artista russo, há muitos anos atrás. Tínhamos que criar uma cena de comédia. Tão logo ele começava a me explicar sua idéia, eu já rebatia com um "Não sei se isso é legal" ou com "Não vai dar pra fazer, é muito complicado!" Num determinado momento em que eu ia, pela enésima vez, decepar mais uma de suas idéias, ele me encarou bem e disse:
"Nós somos artistas, cara! Primeiro, criamos. Depois, executamos; e é nesse processo que vamos descobrir se é legal, se é viável, se dá errado ou se dá certo! Mas, quando ocorre a idéia, temos que dar uma chance a ela, partir para a ação, entendeu?"
"Entendi... Pobre idéia..." Pensei eu, sentindo-me o mais medíocre dos seres vivos. "Nem bem nasceu e já foi julgada, abandonada, abortada, descartada, MENOS... REALIZADA!"
Com o meu rabo entre as pernas, recolhi minha cara do chão e comecei a por em prática a sugestão de meu amigo. E destravei!
Que alívio aposentar aquele diretor ranzinza e mal resolvido que habitava minha cabeça, impedindo-me de simplesmente fazer o que vinha à mente. Que delícia redescobrir o ensaio como o melhor espaço para tentar, testar, experimentar, sacar, criar, e tantos outros instigantes verbos de movimento que são a conseqüência natural de idéias que fluem, jorram e querem sair para ganhar vida plena.
O exato oposto do bater cartão:
Inspirar, expirar, se inspirar, transpirar, realizar, cultivar, ampliar!
Aprendi a me responsabilizar pelo ato de por minhas idéias em prática, correndo o risco de vê-las dar certo ou falhar impiedosamente, revelando minhas competências e incompetências, mas, em ambos os casos, desenvolvendo uma capacidade de quebrar a cara e ir em frente.
Sou grato até hoje ao meu amigo russo, por esse aprendizado.
Uma outra passagem que me vem à mente foi contada por um amigo. Não sei se é verídica, mas é boa.
Supostamente, o homem que inventou a fotografia instantânea que depois se tornou conhecida como Polaroid era um fotógrafo que, após tirar fotos de sua filhinha de cinco anos, foi revelá-las. Quando saiu do laboratório, a menina perguntou:
"Estão prontas?"
"Ainda não", disse ele. "Você poderá vê-las amanhã!" Inconformada, a criança retrucou:
"É uma pena ter que esperar tanto para ver as fotos, não é papai? A gente devia ser capaz de vê-las logo depois que elas são tiradas."
Ao ouvir isso, o fotógrafo respondeu:
"Você está certa! É isso mesmo! Vamos ver o que conseguimos fazer!"
Em seguida, entrou no laboratório e só saiu para realizar o objetivo de ver sua filha se encantar com a execução de sua idéia.
Um verdadeiro ato de amor. Que poderia não ter ocorrido, caso papai tivesse dito:
"Ora, filhinha, que idéia estapafúrdia! Essas coisas não existem! Onde já se viu uma foto ser revelada assim? Vá brincar agora enquanto papai se contenta com o que já foi criado. Ah, essas crianças têm cada uma!"
A sabedoria que se revela na maneira que uma criança olha o mundo é solo fértil para a inspiração. Como tratamos essa criança pode refletir como lidamos com nossas idéias.

IDÉIAS. AFINAL, PARA QUE TÊ-LAS?
MAS, SE NÃO EXPERIMENTADAS, COMO SABÊ-LAS?

Idéias são tão generosas e incondicionais que, mesmo subestimadas, voltam
apaixonadas e nos dão segundas, terceiras e quartas chances de invadir nossas mentes para fazer amor e confirmar sua esperança. Em nós.
Se, mesmo assim, passarmos a oportunidade, elas não se ressentem. Pairam, dançam e evolvem no espaço acima de nossas cabeças, disponibilizando-se para quem quer fecundá-las e pari-las. Usei esses verbos de propósito. Porque uma idéia colocada em prática é como um nascimento. Cultivada, uma autoria.
Uma idéia sabe que não pode mudar o mundo; por isso ela nos escolhe e convida para fazê-lo.
Abençoados os disponíveis e antenados, pois tal qual oxigênio, são vitais e indispensáveis.

Onde você quer se posicionar?
E você, pare de ler esse Guia e comece a dar vida àquela sua idéia já!

Wellington Nogueira é criador e gestor do Doutores da Alegria.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

PROGRAMAÇÃO III ENCONTRO MEME DE ARTE EXPERIMENTAL





O III Encontro MEME de arte experimental apresenta, em sua terceira edição, o tema “Arte e Sustentabilidade“. Como convidados, além de vários artistas locais, contamos com a presença de artistas de Campinas/São Paulo que atuam tanto em cena quanto na docência , indo da educação não-formal ao ensino superior. Serão 4 dias intensos de atividades com palestras, demonstrações, mostras, oficinas e espetáculos, em um intercâmbio entre profissionais de diferentes cidades /estados e diferentes formas de atuação. Mais do que refletir sobre o tema “Arte e sustentabilidade”, o III Encontro Meme de arte experimental almeja compartilhar experiências, discutir propostas, edificar pontes, afinal, como artistas e educadores necessitamos ser criativos ao buscar soluções em prol de uma sociedade mais humana.


Márcia Strazzacappa - SP



Oficinas


Danças brasileiras - aproximações
6/8/10 - Sexta-feira - 9h - 12h - MEME Santo de Casa
Professor responsável:  Rosana Baptistella
público alvo: estudantes de graduação em dança e/ou em licenciaturas de áreas afins como artes visuais, música e  teatro, estudantes de pós-graduação, professores da rede pública e privada de ensino, especialistas ou não, educadores, monitores de projetos desenvolvidos em ONGs, artistas.

Objetivo: Apresentar alguns conceitos sobre danças brasileiras, sobretudo do nordeste, sua aplicação na educação de crianças e jovens e processos de criação.


Dança e Educação, refletindo sobre metodologias
6/8/10 - Sexta-feira - 14h - MEME Santo de Casa
Prof. responsáveis: Márcia Strazzacappa e Carla Morandi
Público alvo: estudantes de graduação em dança e/ou em licenciaturas de áreas afins como artes visuais, música e  teatro, estudantes de pós-graduação, professores da rede pública e privada de ensino, especialistas ou não, educadores, monitores de projetos desenvolvidos em ONGs, artistas.
Objetivo: Apresentar formas de ação e atuação com o ensino de dança na educação formal e não-formal,discutindo-se metodologias e trocando experiências.


Música/percussão para artes cênicas
7/8/10 - Sábado - 9h - 12h
Teatro do SESC (Alberto Bins, 665)
Professor responsável:  Dalgalarrondo
Público alvo: estudantes de graduação em música, em dança, em teatro, estudantes de pós-graduação em Artes, professores da rede pública e privada de ensino, especialistas ou não, educadores, monitores de projetos desenvolvidos em ONGs, músicos populares, compositores, artistas cênicos.
Objetivo: Trabalhar e desenvolver conceitos sobre processos de criação com música percussiva e dança contemporânea.


Improvisação e Dança contemporânea
8/8/10 - Domingo - 9h - 12h - MEME Santo de Casa
Professora responsável:  Valéria Franco
Público alvo: estudantes de graduação em dança e/ou artes cênicas, estudantes de pós-graduação, artistas performáticos, artistas da dança, artistas cênicos.
Objetivo: Trabalho técnico de dança contemporânea voltado para processo de criação a partir de exercícios de improvisação nos quais a música e a exploração espacial são partes fundantes.



Mostras/Debates
Conferência

Mostra de vídeos comentados
6/8/10 - 18h - 20h - MEME Santo de Casa
Eny Schuch, Fernanda Stein e Rosemary Brum


Mostra fotográfica - MEME Santo de Casa
Cláudio Etges “História da dança gaúcha”
Fabrício Simões
Atividade gratuita


Mostra Artes Plásticas - MEME Santo de Casa
Cho Dorneles
Atividade gratuita


Mesa aberta: Políticas culturais e sustentabilidade
7/8/10 - 14h - 16h - MEME Santo de Casa
Convidados: Breno Ketzer (SMC),  Leylah Rabih (França/Alemanha), Lizete Vargas (UFRGS), Dalga Larrondo (Tugudum/SP), Desirée Pessoa (Neelic/RS), (SESC/RS), Márcia Strazzacappa (Unicamp/SP), Fernanda Stein (MEME/RS), Marise Siqueira (ASGADAN/RS), Berenice Fuhro Souto (Pelotas/RS). Mediador: Paulo Guimarães
Atividade gratuita


Conferência demonstrativa: Direção teatral e a condição feminina
7/8/10 - 16h -17h30 - Centro Municipal de Cultura
Conferencista: por Prof. Mestra Leyla Rabih
Público alvo: estudantes de graduação em dança e/ou em licenciaturas de áreas afins como artes visuais, música e  teatro, estudantes de pós-graduação, professores da rede pública e privada de ensino, especialistas ou não, educadores, monitores de projetos desenvolvidos em ONGs, artistas.
Objetivo: A partir da concepção de que o teatro se constitui como uma área de conhecimento, a conferência/demonstração visa discutir questões relacionadas à direção teatral e a condição feminina.
Atividade gratuita


Mostra de Arte Experimental comentada
8/8/10 - 14h - 17h - MEME Santo de Casa
Diego Esteves, Ekin e Mel, Fabiana Saikoski, Genifer Gehardt,  Miguel Sisto Jr., Sônia Guasque, Patrícia Soso, Paulo Guimarães e Fernanda Stein, Renata Nascimento,  Roberta Alfaya e Tiago Rinaldi.



Performances

"Woyzeck Ritual da personagem"
Performance - Pascal Berten e Sônia Guasque/RS
6/8/10 - sexta - 20h - MEME Santo de Casa (Gratuito)


Teresinhas
Espetáculo Dança/RS - Paulo Guimarães/RS
6/8/10 - sexta - 21h - MEME Santo de Casa


Dona Clotilde
Performance com Márcia Strazzacappa/SP
7/8/10 - Sábado - 14h - MEME Santo de Casa (Gratuito)


A dança de quem é boneca só
Teatro de Animação/RS - com Genifer Gerhardt/RS
7/8/10 - Sábado - 16h10 - MEME Santo de Casa (Gratuito)


Gestos e Restos - fragmento
Arte circense/RS - com Diego Esteves
7/8/10 - Sábado - 18h30 - MEME Santo de Casa (Gratuito)


"Ora Bolas"
Dança e música contemporânea/SP
com Dalga Larrondo e Valéria Franco
7/8/10 - Sábado - 20h - Teatro do SESC (Alberto Bins, 665)


Mulheres que correm com lobos
Dança-Teatro/SP (Ensaio aberto)
com Carla Morandi, Márcia Strazzacappa, Rosane Baptistella e Valéria Franco
8/8/10 - Domingo - 18h - MEME Santo de Casa



Atividades extras

Oficina com Crianças
com Diego Esteves/Genifer Gerhardt
7/8/10 - Sábado - 16h30 - 18h30 - MEME Santo de Casa


Espaço Improviso
6/8/10 - Sexta - a partir das 22h - MEME Santo de Casa


Festa de confraternização Neelic/MEME
7/8/10 - Sábado - a partir das 21h - MEME Santo de Casa


Danças Circulares Sagradas
com Patrícia Preiss
6/8 - Sexta - 17h  - MEME Santo de Casa
7/8 - Sábado - 16h  - MEME Santo de Casa
8/8 - Domingo - 17h  - MEME Santo de Casa


Inscrições e informações: 30192595 ou centromeme@centromeme.com.br



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Teatro para Crianças



Ao dar aulas de teatro no MEME tenho a honra de compartilhar sonhos com crianças. Já dissera Rubem Alves em A Alegria de Ensinar

“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada (...). E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.”

As aulas de sábados à tarde são como encontros repletos de possibilidades, sonhos e compartilhar. Ao aprender e trocar com crianças percebo que o ambiente lúdico que pouco a pouco se instaura através do teatro revela a magia tão presente e viva nos corpos, vozes e mentes destes pequenos/grandes meninos e meninas.

Genifer Gerhardt – facilitadora do curso de Teatro para Crianças

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dança para Crianças: Projeto aproxima dança contemporânea do universo infantil



Dança contemporânea é espaço para muita improvisação e brincadeira. Isso mesmo! A partir de junho, o público adulto e infantil confere no Itaú Cultural o projeto Dança para Crianças, que preenche a programação do instituto ainda nos meses de julho, agosto e outubro.

De 21 a 27 de junho, serão realizados fórum e workshops para educadores, profissionais da área de dança e interessados em geral, com a participação de especialistas da área, além de espetáculo de dança voltado para o público infantil.

Para os adultos, a programação começa com o Forinho - a Dança, o Brincar e a Improvisação que, por meio da participação de profissionais, tem o intuito de relacionar a dança contemporânea ao universo infantil. O evento prossegue com os workshops. Serão 20 vagas para cada uma das duas oficinas disponíveis. As inscrições estão abertas a partir de 14 de junho, pelo telefone 11 2168 1876.

Nos dois últimos dias de Dança para Crianças, a programação é voltada para os pequenos. A Balangandança Cia. é a convidada deste mês e sobe ao palco do Itaú Cultural com o espetáculo Dança em Jogo - Exercícios Cênicos, uma viagem pelas sensações e surpresas do universo infantil. Há 13 anos trabalhando com crianças, o grupo traz o resultado do projeto contemplado pelo Prêmio Funarte Klauss Vianna 2009, de iniciativa do Ministério da Cultura.




Em Porto Alegre, o Meme Centro Experimental do Movimento deu início às Oficinas para Crianças, sempre aos sábados, incluindo Dança, Yoga, Teatro e Arte Circense.
Com uma equipe de professores de vasta experiência no ensino infantil, as aulas se caracterizam por seguir a filosofia do Meme, que desde 2004 tem sido uma referência na dança aqui na capital dos gaúchos, primando por uma proposta pedagógica que liberte o indivíduo, fazendo com que sua expressão seja mais genuína ao invés de encaixotá-lo num formato fechado de aulas de dança ou de outra forma artística.
Os pais são convidados a ficarem assistindo as aulas e tomando um chimarrão com a nossa equipe ou então, ficam tranquilos por deixarem seus filhotes em segurança e num local com bastante diversão!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Danças circulares rompem circuito alternativo e viram moda até na noite

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dança de roda, todo mundo sabe, é aquela brincadeira de criança ou manifestação folclórica presente em qualquer canto do planeta.

Veja galeria de fotos
Modernos trocam dança individual por cirandas; assista

Quando recebe o nome de dança circular, acrescida ou não do adjetivo "sagrada", ganha ares de coisa alternativa, restrita a iniciados e à turma que tem um pé na lama de Woodstock (e idade para ter visto isso).




Só que a ciranda já botou seu pezinho no mundo dos modernos do século 21. Em algumas baladas, gente de 20 a 30 anos está dando as mãos para dançar em rodas ou espirais com a base coreográfica e musical de danças circulares tradicionais.

A tradição, nesse caso, é a dos países balcânicos (no Leste Europeu). A balada é a festa Go East, criada no Rio de Janeiro, onde acontece todo mês, e replicada em São Paulo, onde ocorre com menos regularidade, mas com a mesma animação.

Ao som de ritmos típicos de povos eslavos e ciganos, mixados com música eletrônica como drum"n'bass e dub ou até mesmo rock, o povo da noite também resolveu cair na dança circular.

"Nas festas, sempre tem o momento roda. Até quem não sabe do que se trata entra", diz Maria Tereza de Almeida, 25, DJ e produtora dessas baladas.

"É sempre o ápice da festa. Em balada tem muito a atitude "você com você", cada um dançando sozinho. Na roda, a vibração é outra, é a de compartilhar", defende Maria Tereza.

Um dos benefícios mais citados da dança circular é o aspecto inclusivo e coletivo, capaz de criar vínculos e relações de solidariedade entre os praticantes.

Não é pouco, em uma época em que a competitividade (e o estresse que ela gera) tomou conta até das atividades voltadas ao bem-estar.

FLUXO DE MOVIMENTO

Dançar em círculo leva a um ritmo diferente daqueles criados por comportamentos ansiosos, na visão do psiquiatra Paulo Toledo Machado Filho, que é coordenador do curso "Jung e Corpo", do Instituto Sedes Sapientae, em São Paulo.

"A dança circular relaxa, alterando os neurocircuitos do estresse", diz ele.

Por essência, a roda não cria nada competitivo, já que não há quem fique na frente ou atrás. Como o importante é manter o ritmo e a forma circular, quem erra o passo é imediatamente ajudado pelo colega, para que o fluxo do movimento seja mantido.

Pode ser, em outras palavras, o que chamam de "fluxo de energia" gerado por essa prática.

Além disso, é uma atividade artística, que não requer prática nem habilidade para ser realizada.

O que não quer dizer que seja pouco refinada em termos de movimentos ou uma prática isenta de desafios.

A fisioterapeuta e professora de danças Betty Gervitz, que dá aulas de danças étnicas em São Paulo, afirma que o trabalho neuromotor da dança circular é bastante requintado.

A roda desenvolve a bilateralidade (controle motor dos lados esquerdo e direito do corpo) e exige que o cérebro processe a informação sobre o movimento de forma diferente da que está habituado.

"Normalmente, quando aprendemos um passo ou uma coreografia, imitamos quem está à nossa frente, como um espelho. Em uma roda, você tem que fazer o movimento contrário do feito por quem está na sua frente", explica Gervitz.

Ao mesmo tempo, é preciso regular o passo, respeitar o espaço do outro e seguir ritmos pouco óbvios -as músicas não são exóticas apenas por virem de culturas diferentes, mas também porque têm padrões rítmicos com contagens de tempo diferentes das usuais.

A mágica é que tudo isso pode ser complexo, mas basta entrar na roda para tudo acontecer naturalmente. "A roda é um facilitador, ela te leva; como os passos se repetem, o corpo vai assimilando essas novas informações gradualmente", diz Gervitz.

O fator prazer também ajuda. A alegria da música, a animação do grupo e o fato de não ser preciso sofrer para atingir um determinado objetivo colaboram para aumentar a produção de neuro-hormônios ligados à sensação de bem-estar, como por exemplo as endorfinas.

E claro, também há um considerável trabalho aeróbico que, além de estimular as endorfinas, aumenta a capacidade cardiorrespiratória, queima calorias e ajuda no controle da pressão arterial, entre outras coisas.

MODELO DE ORDEM

Aos efeitos físicos, somam-se os benefícios extracorporais das danças circulares. "O círculo é o modelo organizador para a psique e realizá-lo fisicamente ajuda a pessoa a se organizar internamente", afirma o psiquiatra Paulo Machado Filho.

A psicóloga Glaucia Rodrigues, coordenadora do Centro de Estudos Universais, que promove cursos de danças circulares, diz que a roda ou qualquer movimento circular, como girar sobre o eixo do próprio corpo, ajuda a pessoa a se autocentrar e a se equilibrar.

"Na roda, a pessoa precisa estar presente, inteira naquela situação. Ela precisa estar o tempo todo conectada com o espaço e com o seu corpo", diz a bailarina Rosane Almeida, que ensina danças brasileiras no Instituto Brincante, em São Paulo.

Essa conexão é entendida por muitos como uma forma de meditação ativa. Para várias culturas, é uma oração em movimento -daí a concepção de dança sagrada.

Danças circulares vinculadas a rituais religiosos estão presentes em diversas tradições. Aparecem no candomblé, em cerimônias indígenas ou no giro dos sufis, que são os místicos do islã.

Nessas situações, os praticantes costumam passar por algum tipo de iniciação, que os integra ao sistema de crenças em questão e os prepara para lidar com pequenas alterações de consciência, segundo Paulo Machado Filho. "Na relação com o ritmo e com o movimento, o praticante tem uma percepção diferente da realidade. Em termos psicológicos, deixa de tomar o próprio "eu" como referência, consegue ver as coisas em uma esfera maior", diz o psiquiatra.

O bailarino egípcio Mohamed El Sayed, que no mês passado deu um workshop de giro sufi em São Paulo, acredita que a dança sagrada "supera a materialidade", usando o corpo como uma conexão entre o céu e a terra.

Simbolicamente, as danças circulares reproduzem o movimento dos astros celestes, como o de rotação (sobre o próprio eixo) e de translação (ao redor de um centro). Algumas correntes restringem essa prática aos iniciados. "As alterações de consciência causadas pela dança podem levar a estados descritos como êxtase, e nem todo mundo sabe lidar com esses efeitos. Por isso a exigência de uma preparação", pondera Machado Filho.

Para Sayed, porém, a essência da dança e a funcionalidade dos movimentos circulares permitem que o giro seja feito de forma mais solta e por qualquer pessoa. Basta estar disposto a se deixar levar, ser levado pela música e pelo grupo, se concentrar no aqui e agora. E girar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Meme Santo de Casa Estação Cultural!

Abre suas portas em 30 de abril de 2010. Mas na verdade, viemos de mais longe, nossa data retorna a 2004.Caminhos traçados, batalhas vencidas. Apesar das inúmeras duvidas e dificuldades que assolam o nosso dia-a-dia, acreditamos 100 por cento na capacidade da dança e da arte em modificar vidas, alegrar rotinas, aquecer o coração.


O Meme é para nos um projeto sem data para terminar, uma filosofia construída a varias mãos, amizades duradouras e verdadeiras que juntas formam um mosaico de vidas.Parabéns e obrigada a todos os que nos ajudaram nesta empreitada!

Ângela, Ariane, Fernanda, Laco, Tiago e Walquiria.
Imagens gentilmente cedidas por Fábio Zambom

terça-feira, 20 de abril de 2010

Segunda Parada...Quase para...






Pode ser a impressão de alguém que cultiva grandes expectativas. Mas quando dobrei a esquina das ruas Érico Veríssimo com João Alfredo, no domingo, dez de abril, às 15h20min (acreditava que eu estava atrasado, devido a minha “montaria” demorada), antecipava encontrar uma multidão de artistas.
Artistas esses que dizem desejar ver salas e teatros lotados. Membros de uma classe teatral de uma cidade percebida em todo o país como uma das capitais mais desenvolvidas e envolvidas culturalmente. Impossível evitar minha decepção ao deparar-me com o número inexpressivo de pessoas no ponto de partida da II Parada de Teatro da Cidade de Porto Alegre. Sim, o Largo Zumbi dos Palmares (mais conhecido como largo da finada Epatur), estava constrangedoramente vazio.
Falo da minha expectativa por ter participado das reuniões e da alegria da primeira parada. Minha conclusão lógica era que, desta vez, na segunda edição, teríamos uma maior participação dos grupos, personalidades, estudantes, diretores, atores, produtores, professores, sobreviventes e empresários do ofício teatral.
Não é minha intenção (muito pelo contrário) desmerecer a iniciativa de um grupo disposto fazer acontecer algo legal. Lá estavam muitos alunos, não mais que cinco mestres, menos da metade dos grupos que dizem atuar nesta cidade, a gente do teatro de bonecos (sempre presente, apoiando) e alguns familiares.
Apesar da decepção, uma valiosa lição aprendida nesses meus 16 anos de teatro foi providencial: a plateia sempre merece nosso maior esforço e dedicação – seja ela formada por um, dois, 50 ou 200 expectadores. Da mesma forma, a Parada e os poucos presentes contavam com a entrega de cada um. E seguimos, conduzidos pela força maravilhosa e contagiante da Banda da Saldanha.
Ao fazer esse relato sobre o evento, pergunto: Onde estavam as pessoas que se beneficiam dos fundos como as leis de incentivo à cultura? Os agraciados do Fumproarte? Dos projetos da nacionais da Funarte? Onde estavam as personalidades que alegam fazer teatro “desde as cavernas” na nossa cidade?
Por que razão se ausentaram aqueles que aparecem quando concorrem a premiações? Talvez ocupados em um desses eventos “artísticos” promovidos por políticos e regados a discursos e coquetéis... (Muitos desses, não por coincidência, os mesmos que ocupam, anos a fio, cargos políticos que decidem o destino financeiro e artístico da classe!)
Ali estavam as pessoas que, de fato, se preocupam com o contexto. Com o cenário do fazer teatral em Porto Alegre. Mas esperava mais, projetava mais. Uma vez que festejávamos a II Parada de Teatro, com o apoio voluntário da iniciativa privada (SESC), a parceria de nossa prefeitura (que fez o possível e até copinhos com água do DMAE distribuiu), surpreendeu-me a ausência de gente que ocupa a Secretaria de Cultura no Governo Estadual.
Desculpo-me antecipadamente se por ventura estiver sendo injusto e equivocado. Mas o evento não teve o impacto necessário para uma classe que quer reivindicar crescimento em nossa cena teatral.
Será que vamos nos encontrar na terceira edição? Espero que abram-se as tais portas dos castelos e cavernas. E que, ao menos por uma tarde, durante algumas horas, um domingo por ano, a máscara de burocrata seja trocada pelo semblante do artista que ainda acredita que fazer teatro é relevante e vale à pena.

Heinz Limaverde
Ator

domingo, 11 de abril de 2010

Entrevista com Jaime Mateos sobre o Teatro de Objetos





por Fernanda Stein - bailarina do MEME.




Recentemente, tive a oportunidade de participar da Oficina “Introdução ao Teatro de Objetos” com o professor e ator espanhol Jaime Santos Mateos, dentro da programação do FITO – Festival Internacional de Teatro de Objetos (realização Fiergs / SESI).

Jaime Mateos fundou a Chana Teatro em 1987 e tem participado de festivais em diversos países, como França, Espanha, Bélgica, Brasil, Portugal e Israel. Foi aluno de mestres renomados: Philippe Genty, Mary Underwood, Jango Edwards, entre outros. Dentro do FITO, apresentou dois trabalhos: “O Pequeno Vulgar” e “Entre Dilúvios”.

A Oficina foi de segunda a sexta-feira, entre os dias 22 e 26 de março de 2010. Foi uma semana intensa onde todos os participantes tiveram a chance de “colocar a mão na massa”, experimentando e aprendendo com os objetos e a arte de colocá-los em cena. Alem disto, a convivência com outros artistas, de diferentes áreas, proporcionou uma grande e animada troca, criando novas redes e amizades.

Muito gentilmente, o professor Jaime aceitou em conceder esta breve entrevista, onde fala um pouco sobre o surgimento do Teatro de Objetos, sua experiência como ator nesta área, as dificuldades e desafios deste trabalho.

Rosa Casaccia e o artista circense e professor do Centro MEME, Diego Esteves, também participaram da Oficina e contribuíram com esta entrevista:



  • Como e onde se pode dizer surgiu o Teatro de Objetos como um gênero em si?
  • Yo creo que surgió em Francia, em uma velada com Velo Théatre, Manarf théatre, théatre de La cuisine, katy deville y allí se comenzó a llamar teatro de objetos a aquel gênero em El que se actuaba com objetos pero sin transformar su naturaleza.



  • Quais as principais diferenças entre o Teatro de Bonecos e o de Objetos?

El teatro de objetos es el arte Del redescubrimiento del objeto. Lá búsqueda de otros significados del objeto. A veces el objeto también puede ser manipulado como boneco, pero el teatro de bonecos es uma representación, es algo explícito y concreto. El boneco representa um personaje. Em el teatro de objetos no necesariamente. El objeto puede representar o significar muchas cosas.



  • Quais as maiores dificuldades de trabalhar com objetos?

La dificultad estriba em recuperar el animismo por um lado, y por outro el encontrar de qué es metáfora esse objeto.



  • Como funciona o seu processo de pesquisa para a montagem de um espetáculo?

Yo elijo um tema y voy asociando a esse tema objetos e imágenes, así como posibles conflictos. Creo um campo magnético em torno al tema y después voy cruzando lo que tengo hasta que consigo la obra.



Como surgiu a idéia para encenar a peça “Entre Dilúvios” e como foi o seu processo de investigação neste caso?

Entre dilúvios fue um proceso largo y no continuado. Siempre me interesó La bíblia. Traté de buscar conflictos que yo pudiera asumir como mios y luego jugando y jugando fui descubriendo lo que me interesaba. Trabajé com objetos y textos a la vez.



  • Sobre usar o corpo em movimentos "maiores", sem uso de uma mesa/palco: até onde é interessante, e onde se pode perder o foco? Qual cuidado tomar? Digo isso pensando em associar o teatro de objetos com circo e dança. Existem referências de trabalhos com este formato? (pergunta de Diego Esteves)

Creo que el cuerpo es um objeto más. El teatro de objetos es um ritual em el que el cuerpo del actor tiene um papel protagonista. Philippe Genty usa em sus espectáculos el cuerpo como objeto y el actor como boneco.



  • Minha pergunta estaria na discussão do que seja sinédoque. O professor Ernani Terra não coloca distinção entre esta palavra e metonimia. Vejam só: http://www.ernaniterra.com.br/texto_002.php. (pergunta de Rosa Casaccia)

La sinécdoque es uma figura que está dentro de la metonima. Es tomar la parte por el todo.



  • Quais grupos você poderia citar como sendo referências dentro do Teatro de Objetos?

Los que he citado sl principio, así como Julio Molnar, Tabola Rassa, Gare Central, Chemins de Terre...



  • Que conselhos você daria a um ator ou bailarino que queira iniciar uma pesquisa com os objetos? Quais os primeiros passos em sua opinião e que cuidados deve tomar?

Descubrir de nuevo el plocer de jugar como los meninos y después entender que este gênero es um arte fundamentalmente poético em el que buscar la metáfora se convierte em um viaje incomparable.



  • Como foi a experiência de participar do FITO em Porto Alegre e quando pretende voltar à cidade?

Fue maravilloso. El publico recibió mis espectáculos com verdadero entusiasmo y los alumnos de la oficina trabajaron muy interesadamente lo cual provoco excelentes resultados.

No sé cuándo volveré a Porto Alegre, pero espero que sea pronto.



site da cia La Chana Teatro:
http://lachanateatro.wordpress.com/fotos/