sexta-feira, 19 de março de 2010

Roseli Rodrigues


Morreu na madrugada desta quinta-feira, Roseli Rodrigues, coreógrafa e diretora da Raça Cia de Dança de São Paulo. Ela tinha 54 anos e sofria de câncer linfático.

O diretor do Meme, Paulo Guimarães, trabalhou com Roseli em 1996 durante sua passagem por São Paulo. A seguir, algumas palavras suas sobre a morte de uma das precursoras do jazz no Brasil:


A morte da Roseli significa para nós uma perda, pois era uma pessoa extremamente criativa, que contribuía de várias formas para a dança com o seu trabalho artístico e da sua companhia. Tive o prazer de trabalhar com ela em 1996. Com o seu jeito disciplinado e rígido ela conseguia levar um trabalho de muitas pessoas, sempre abrindo espaço para todos, fomentando muito, principalmente, o jazz. Roseli era um dos grandes nomes da história do Brasil no jazz, uma grande responsável por sua evolução e desenvolvimento. Tinha um trabalho qualificado, consagrado, transitava em todas as linguagens, em todos os eventos, era uma pessoa muito popular e respeitada pela qualidade do seu trabalho.

Pessoalmente, minha relação com ela foi muito franca e aberta. Era uma pessoa que tinha um jeitinho meigo, querido, mas ao mesmo tempo, na hora de trabalhar era super exigente e rígida. Mas eu agradeço, ela abriu portas para mim em São Paulo, me acolheu, enfim, eu acho que a dança perde um trabalho de qualidade, perde uma pessoa que abriu fronteiras para o bailarino e para a dança brasileira. Ela formou muita gente. Tem bailarinos que passaram pela mão dela e que hoje estão seguindo uma carreira profissional. Ela é responsável por tudo isso, pela dedicação que teve com a dança. Fica uma lacuna. Principalmente para o jazz, que tem passado por uma fase de renovação, ela era um dos principais pivôs desse processo, dessa transição. Acho que as pessoas que trabalham com jazz vão sentir bastante. A Roseli era uma referência nacional e estava começando a colocar o trabalho dela também em nível internacional.

Uma grande pessoa, pela qual tenho respeito e carinho. Que ela fique em paz.”

domingo, 14 de março de 2010

Festival Internacional de Teatro de Objetos - Porto Alegre 2010






















Imagem: Fito 2009


ESPETÁCULOS DO BRASIL E DO MUNDO.


ENTRADA
FRANCA.

CAIS DO PORTO 25 E 26/03, A PARTIR DAS 15H 27 E 28/03, A PARTIR DAS 16H

Companhias do Brasil, da França, Itália, Bélgica, Espanha e Argentina. Performances.

Cenografia interativa.
Feira temática. Fotografia. Shows com Uakti e Paulinho Pires.

www.fitofestival.com.br


REALIZAÇÃO: Fiergs - Sesi

terça-feira, 2 de março de 2010

A Arte de compartilhar o conhecimento de Liane Venturella




por Fernanda Stein - bailarina e pesquisadora do Grupo Meme.


Durante o mês de janeiro de 2010, enquanto a sede do Meme permaneceu em reformas, Liane Venturela foi convidada a dar uma Oficina de Máscaras pela segunda vez em nosso espaço, agora na Casa Verde (José do Patrocínio, 278). Aprofundando as técnicas aprendidas no verão de 2009, o trabalho de Liane foi, sem dúvida, um presente para o grupo. Com delicadeza e grande profissionalismo, nos guiou pelo universo das máscaras e, através de diversas técnicas, nos trouxe algo mais verdadeiro no ato da representação. Abaixo, segue uma breve entrevista com a atriz, realizada durante a oficina.





Meme: Como surgiu o interesse e a oportunidade de estudar/ pesquisar as máscaras?

Liane: Estava estudando na Desmond Jones, que é mais direcionada ao physical theatre, e naturalmente comecei a acompanhar todos os Festivais de Mímica de Londres (onde conheci o pessoal da Trestle Theatre Company).
Sempre acreditei que o teatro deveria ultrapassar a barreira da língua e tive ainda mais certeza disso quando estudei com Lorna Marshall. Começou ai minha profunda curiosidade em relação ao trabalho com máscaras. Participei de diversos workshops realizados dentro das programações dos festivais e quando apareceu a oportunidade uns anos mais tarde fiz o curso com o pessoal da Trestle.



M: Quais são, na tua opinião, os maiores desafios para o ator / bailarino no trabalho com as máscaras?

L: Acredito que as mesmas de quem trabalha só com teatro. A verdade precisa ser encontrada, percebida e depois reproduzida (com o mesmo frescor do primeiro passo). Esse é o grande desafio para quem representa, a veracidade. Atores e bailarinos, todos buscamos a mesma coisa.



M: Como foi que tu passaste a enxergar o corpo e o expressar-se através dele a partir do momento em que utilizou a máscara? Tua expressão corporal se modificou/aprimorou? Como foi isso?

L: Foi para buscar um trabalho mais focado na representação do corpo que encontrei as máscaras. E estou longe de ter chegado a algum lugar. A busca sempre te leva para mais longe do que a certeza. A cada novo trabalho tento me observar mais e estar atenta as ciladas em que nós mesmos nos colocamos.





M: Já vi trabalhos onde bonecos contracenavam com atores "normais".
É possível a contracenação de máscaras com atores de cara limpa? Ou são linguagens que não se misturam?


L: A mascara tem uma força brutal. Mas não diria que as duas coisas não se misturam, já vimos isso na Comédia Dell` Arte. Tudo é possível, depende do contexto, da linguagem e da pesquisa do trabalho.



M: Vimos no curso que as máscaras são encantadoras e que podem surgir histórias maravilhosas.
Porque são poucos os espetáculos de máscaras?


L: Acredito que poucas pessoas estudaram máscaras por aqui. Percebo que as máscaras estão mais presentes nos trabalhos como um meio e não como um fim. Os “tempos” delas também são outros e andam na contramão do que vivemos hoje ( e é isso o que mais me fascina nesse trabalho).



M: Como tu buscas conhecer o personagem a ser interpretado? Na tua carreira, existe algum que se destaque em relação aos demais? Por quê?

L: Nunca desenvolvi nenhum método para chegar a uma personagem. Essa composição depende muito da proposta do trabalho. Muitas vieram de fora para dentro, quando montamos farsa, outras ao inverso. É complicado ter uma sistemática até por que o teatro não se propõe a isso. Cada novo trabalho é diferente e só começo com o mesmo objetivo: a verdade. Por mais caricata que inicie sua personagem ela deve se tornar crível. Não destaco nenhum trabalho pois absolutamente todos tem um sentido muito especial e seria injusto.





LianeVenturella iniciou sua trajetória como atriz em 1984, formou-se na Desmond Jones School of Mime and Physical Theatre (Londres) durante os quatro anos em que morou lá também aprimorou seus estudos nos seguintes cursos: MIME SCHOOL, curso de mímica com Ronald Wilson (1991), MASK AND THE ACTOR, curso de máscaras com Lorna Marshall (1992). Em 1996, em Londres novamente, participa dos workshops de: Joff Shaffer _ Trestle Theatre _ TRABALHO DE MÁSCARAS Estuda também na École Philippe Gaulier, cursando Melodrama, Clown e Bufão. Entre os espetáculos que participou destacam-se: DECAMERON, de Giovanni Boccacio, direção de Luis Henrique Palese, UMA PROFESSORA MUITO MALUQUINHA, de Ziraldo com direção de Adriane Mottola, O BARÃO NAS ARVORES, de Ítalo Calvino com direção de Roberto Oliveira, O BEIJO NO ASFALTO, texto de Nélson Rodrigues com direção de Patrícia Fagundes, DOROTÉIA, texto de Nelson Rodrigues e direção de Kike Barbosa, AUTO DA COMPADECIDA com o grupo Depósito de Teatro PRÊMIO AÇORIANOS DE MELHOR ATRIZ COADJUVANTE 2001, TODA A NUDEZ SERÁ CASTIGADA de Nelson Rodrigues com direção de Ramiro Silveira, “AQUELAS DUAS” orientação e dramaturgia de Nélson Diniz, CALAMIDADE, com direção de Cláudia de Bem. PRÊMIO AÇORIANOS DE MELHOR ATRIZ 2006, DENTROFORA de Paul Auster direção de Carlos Ramiro.