quinta-feira, 19 de agosto de 2010

(!)

"Se uma idéia não soar absurda desde o início, provavelmente não é boa."

Albert Einsten


Idéia (do grego idéa, pelo lat. Idea) S.(. 7 .Representação mental de alguma coisa concreta ou abstrata; imagem


2. Elaboração intelectual; concepção.
3. P. ext. Projeto, plano.
4. Invenção, Criação.
Dicionário Aurélio


Concepção intelectual; imaginação, lembrança. Tende a ação.
Dicionário Etimológico





Idéia é uma dessas coisas que, a meu ver, é como oxigênio: está no ar, é invisível e, apesar de abundante, sempre corre o risco de passar batido.
Tal qual RESPIRAR: um ato fundamental para nossa sobrevivência, que por ser involuntário, também passa batido não nos damos conta de sua complexidade e de todo o impacto que ele causa em nosso corpo.
Fazemos idéia?
Pare por um momento, respire e procure se lembrar:
Qual foi sua última grande idéia? Como foi que você chegou a ela? Conseguiu materializá-la?
Qual foi o impacto que essa idéia materializada gerou?
Se inspirar e expirar são atos involuntários, inspirar-SE é...???
Na falta de uma resposta objetiva, apelo para Nossa Senhora das Reminiscências, para que nos abençoe uma história.
Lembro-me de ter trabalhado com um artista russo, há muitos anos atrás. Tínhamos que criar uma cena de comédia. Tão logo ele começava a me explicar sua idéia, eu já rebatia com um "Não sei se isso é legal" ou com "Não vai dar pra fazer, é muito complicado!" Num determinado momento em que eu ia, pela enésima vez, decepar mais uma de suas idéias, ele me encarou bem e disse:
"Nós somos artistas, cara! Primeiro, criamos. Depois, executamos; e é nesse processo que vamos descobrir se é legal, se é viável, se dá errado ou se dá certo! Mas, quando ocorre a idéia, temos que dar uma chance a ela, partir para a ação, entendeu?"
"Entendi... Pobre idéia..." Pensei eu, sentindo-me o mais medíocre dos seres vivos. "Nem bem nasceu e já foi julgada, abandonada, abortada, descartada, MENOS... REALIZADA!"
Com o meu rabo entre as pernas, recolhi minha cara do chão e comecei a por em prática a sugestão de meu amigo. E destravei!
Que alívio aposentar aquele diretor ranzinza e mal resolvido que habitava minha cabeça, impedindo-me de simplesmente fazer o que vinha à mente. Que delícia redescobrir o ensaio como o melhor espaço para tentar, testar, experimentar, sacar, criar, e tantos outros instigantes verbos de movimento que são a conseqüência natural de idéias que fluem, jorram e querem sair para ganhar vida plena.
O exato oposto do bater cartão:
Inspirar, expirar, se inspirar, transpirar, realizar, cultivar, ampliar!
Aprendi a me responsabilizar pelo ato de por minhas idéias em prática, correndo o risco de vê-las dar certo ou falhar impiedosamente, revelando minhas competências e incompetências, mas, em ambos os casos, desenvolvendo uma capacidade de quebrar a cara e ir em frente.
Sou grato até hoje ao meu amigo russo, por esse aprendizado.
Uma outra passagem que me vem à mente foi contada por um amigo. Não sei se é verídica, mas é boa.
Supostamente, o homem que inventou a fotografia instantânea que depois se tornou conhecida como Polaroid era um fotógrafo que, após tirar fotos de sua filhinha de cinco anos, foi revelá-las. Quando saiu do laboratório, a menina perguntou:
"Estão prontas?"
"Ainda não", disse ele. "Você poderá vê-las amanhã!" Inconformada, a criança retrucou:
"É uma pena ter que esperar tanto para ver as fotos, não é papai? A gente devia ser capaz de vê-las logo depois que elas são tiradas."
Ao ouvir isso, o fotógrafo respondeu:
"Você está certa! É isso mesmo! Vamos ver o que conseguimos fazer!"
Em seguida, entrou no laboratório e só saiu para realizar o objetivo de ver sua filha se encantar com a execução de sua idéia.
Um verdadeiro ato de amor. Que poderia não ter ocorrido, caso papai tivesse dito:
"Ora, filhinha, que idéia estapafúrdia! Essas coisas não existem! Onde já se viu uma foto ser revelada assim? Vá brincar agora enquanto papai se contenta com o que já foi criado. Ah, essas crianças têm cada uma!"
A sabedoria que se revela na maneira que uma criança olha o mundo é solo fértil para a inspiração. Como tratamos essa criança pode refletir como lidamos com nossas idéias.

IDÉIAS. AFINAL, PARA QUE TÊ-LAS?
MAS, SE NÃO EXPERIMENTADAS, COMO SABÊ-LAS?

Idéias são tão generosas e incondicionais que, mesmo subestimadas, voltam
apaixonadas e nos dão segundas, terceiras e quartas chances de invadir nossas mentes para fazer amor e confirmar sua esperança. Em nós.
Se, mesmo assim, passarmos a oportunidade, elas não se ressentem. Pairam, dançam e evolvem no espaço acima de nossas cabeças, disponibilizando-se para quem quer fecundá-las e pari-las. Usei esses verbos de propósito. Porque uma idéia colocada em prática é como um nascimento. Cultivada, uma autoria.
Uma idéia sabe que não pode mudar o mundo; por isso ela nos escolhe e convida para fazê-lo.
Abençoados os disponíveis e antenados, pois tal qual oxigênio, são vitais e indispensáveis.

Onde você quer se posicionar?
E você, pare de ler esse Guia e comece a dar vida àquela sua idéia já!

Wellington Nogueira é criador e gestor do Doutores da Alegria.