terça-feira, 23 de setembro de 2008

Funarte distribui cem bolsas de estímulo à criação e à reflexão crítica sobre as artes



link da notícia
http://www.funarte.gov.br/novafunarte/funarte/noticia.csp?NoticiaId=732



Estão abertas as inscrições, até 29 de setembro de 2008, para o Programa Nacional de Bolsas da Funarte, que vai distribuir cem bolsas de R$ 30 mil a artistas, críticos e outros profissionais das artes em todo o território brasileiro. Com formato inovador, o programa viabiliza a produção de obras e estudos em artes visuais, música, artes cênicas e literatura.

Segundo o presidente da Funarte, Celso Frateschi, as bolsas garantem condições materiais para o desenvolvimento do projeto e possibilitam a dedicação exclusiva do bolsista. "Isso favorece a profissionalização do setor e o aprofundamento do trabalho artístico", explica.

Os contemplados receberão as bolsas em três parcelas e terão seis meses para executar seus projetos. O edital prevê que todas as regiões do país sejam atendidas, em um esforço de descentralização dos recursos da fundação, de acordo com as diretrizes do Ministério da Cultura. O investimento total da Funarte no programa é de R$ 3,7 milhões.

As BOLSAS DE ESTÍMULO À CRIAÇÃO ARTÍSTICA serão destinadas a projetos de criação e pesquisa de linguagens nas áreas de 'artes visuais', 'literatura', 'dança', 'dramaturgia', 'fotografia', 'música popular' e 'música erudita'. Serão concedidas duas bolsas para cada uma dessas categorias em cada região do país, totalizando setenta bolsas. Os artistas e profissionais contemplados deverão desenvolver trabalhos inéditos, com o objetivo de ampliar a produção e a difusão das artes no Brasil.

Além de fomentar a produção, a Funarte busca, com as BOLSAS DE ESTÍMULO À PRODUÇÃO CRÍTICA EM ARTES, estimular a reflexão sobre as manifestações artísticas contemporâneas. Críticos, pesquisadores, artistas, professores, estudantes e outros profissionais das artes podem inscrever seus projetos nas categorias 'artes visuais', 'dança', 'música', 'teatro', 'interfaces dos conteúdos artísticos e culturas populares' e 'conteúdos artísticos em mídias digitais/internet'. Será concedida uma bolsa para cada uma destas categorias em cada região brasileira.

Celso Frateschi afirma que a Funarte quer contribuir para a produção intelectual sobre artes visuais, música e artes cênicas, além de investir em fotografia, literatura e mídias digitais. "Pretendemos também ampliar a discussão em todo o país sobre cultura popular, não em seu sentido mais genérico, mas no que diz respeito às manifestações artísticas populares brasileiras", define.

Os interessados devem enviar à Funarte seu projeto, acompanhado de currículo e ficha de inscrição, somente pelos correios, até 29 de setembro de 2008. As propostas aptas a concorrer às bolsas serão julgadas por comissões formadas por profissionais de notório saber em cada uma das categorias, de todas as regiões do país.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Entrevista com Stela Menezes

Fernanda Stein, bailarina do Grupo, conversou esta semana com Stela Menezes, bailarina com especialização em vídeo-dança pela Angel Vianna (RJ), atualmente, em atuação no Domus Studio de Dança, em Novo Hamburgo. Stela, que ministrou semana passada um workshop sobre Vídeodança no Meme Centro Experimental do Movimento, fala um pouco sobre sua trajetória e do trabalho que desenvolve:

Fale um pouco da tua trajetória artística na dança em Porto Alegre.

Eu comecei a vir a Porto alegre pra fazer aulas em 1989; inicialmente Ballet, e pouco tempo depois, técnica de Martha Graham com a Cecy Franck. Fiz parte da turma que iniciou o Centro de Formatividade em Dança, que foi um projeto de uma escola de dança Estadual, mas que infelizmente não sobreviveu ao segundo ano de funcionamento. Dancei (ainda danço) com a Victoria Milanez, do Ballet Concerto, com o Muovere, com o Paulo Guimarães no Meme e atualmente trabalho com a Maria Waleska e o Décio Antunes. Nunca perdi, porém, o contato com a cidade de onde eu vim (Novo Hamburgo), onde tive um grupo experimental com duas outras bailarinas (Tríptico Grupo Independente de Dança), participei da Sêmea Cia de Dança e depois do Domus, estúdio onde também iniciei minha carreira pedagógica em dança.

Como surgiu a oportunidade de trabalhar com vídeo-dança?

A vídeodança surgiu quando eu me formei (Música pela UFRGS) e comecei a procurar cursos de pós-graduação na área de dança. Eu tinha tido um contato rápido com essa forma artística em um curso no Condança havia alguns anos, e decidi cursar a especialização em Videodança na Faculdade Angel Vianna (RJ).

O que dizer da tua temporada carioca? Como foi a experiência?

No tempo que passei no Rio, além dos estudos específicos em Videodança, tive a oportunidade de fazer aulas com coreógrafos e pesquisadores em dança contemporânea como Alexandre Franco, Paulo Caldas, Andréa Bergallo, Carlos Laerte, Andréa Maciel, Tony Rodrigues, além de alguns mestres de ballet clássico. Participei de um espetáculo (oficina-montagem) com Sueli Guerra, dando seqüência às experiências com dança-teatro que eu já tinha aqui no Sul. Aproveitei também para assistir a muitos espetáculos, pois sempre há uma boa variedade de opções. Percebi que o circuito de dança do Rio de Janeiro é bastante qualificado, com artistas que investem muito em sua formação, tanto física quanto intelectual, e que existem vários Festivais importantes de nível profissional como o Panorama da Dança e o Dança em Foco (que é específico de Videodança). O mercado é bem maior do que aqui, mas também há muitos bailarinos, e é bastante difícil para um 'forasteiro' integrar-se no circuito profissional.

Como a bailarina Stela se relaciona com a sua imagem no vídeo?

Ver-se no vídeo é algo muito interessante, pois possibilita reconhecer a nossa forma de nos movermos, de um ponto de vista diferente daquele que temos ao olhar em um espelho. Sempre penso na Isadora Duncan, sobre quem tanto se falou, elogiou, criticou, admirou, mas de quem ficaram somente os registros em textos, fotos e desenhos, e a informação no corpo de suas discípulas. Não conhecemos Isadora em movimento, e isso parece historicamente lamentável. A minha experiência particular com a minha imagem filmada passou por algumas transformações. Sempre, o princípio de tudo é a aceitação do corpo. Se as imagens não atenderem aos meus critérios pessoais de aceitação do tamanho e forma do corpo, figurino, iluminação e enquadramento, elas são censuradas e eliminadas na edição. Porém, não ferindo esses critérios, eu geralmente gosto das imagens que eu produzo em termos de precisão, clareza e interesse dos movimentos.

Planos artísticos para o futuro próximo? Podes dividí-los conosco?

Meus projetos a partir de agora são dançar muito, afinal, neste tempo no Rio fui muito pouco bailarina; aprofundar meus conhecimentos técnicos relacionados a equipamento e produção videográficas; dar prosseguimento às minhas pesquisas em dança contemporânea com meus alunos, visando tanto a composição coreográfica quanto a produção de vídeos. No momento, estou interessada em ampliar minha atuação em Porto Alegre, tanto como intérprete quanto como professora, pesquisadora e criadora.

O que é o Meme nas tuas palavras?

O Meme na minha visão é espaço, como se fosse um espaço gerador de espaços. Percebo na diversidade e na disponibilidade que fazem parte da filosofia desse lugar a geração, para os criadores que ali transitam, de uma espécie de tabula rasa, como se propiciasse uma folha em branco essencial para se começar a escrita de alguma coisa. Obviamente, nenhuma pesquisa em arte contemporânea principia zerada, mas o espaço-Meme parece favorecer o questionamento de pressupostos estabelecidos e o encontro de muitos outros possíveis.